terça-feira, 20 de novembro de 2018

Temas para estudo (4º Bimestre):

Tema 01

“Há também um traço de egoísmo que permeia a vida cotidiana no Brasil. Todo motorista na rua parece pensar que é o único que está de carro e dirige de acordo com essa ideia, (...). No banco, no cinema, no ponto de ônibus, ou no supermercado, há normalmente alguém (ou vários alguéns) que acredita que é importante demais ou está com pressa demais para ficar na fila – e fura fila.”
(Ronter, Larry. Deu no New York Times. [Tradução Otacílio Nunes et al.]. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008, p. 96)

Tema 02
Muito ouvimos dizer que: “O Brasil arrecada impostos como a Dinamarca e presta serviços públicos como os países africanos”. Qual a sua opinião sobre tal afirmação?
FB – vestibular

Tema 03
A contribuição da família, da escola, do governo e de instituições não governamentais para o desenvolvimento de leitores proficientes que encontrem na leitura uma fonte de prazer.

Tema 04
Por que o canudo de plástico virou o inimigo número 1 do meio ambiente?

Tema 05
Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil.

terça-feira, 30 de outubro de 2018

MATERIAL DE APOIO PARA A DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA.

OBRA "A VIUVINHA", DE JOSÉ DE ALENCAR.

OBRA "CINCO MINUTOS", DE JOSÉ DE ALENCAR.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

MATERIAL DE APOIO PARA O 4º BIMESTRE:
OBRA LUZIA-HOMEM, DE DOMINGOS OLÍMPIO.

FILME


ANÁLISE DA OBRA


OBRA EM PDF

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

REVISÃO PARA AVALIAÇÃO GLOBAL

1ª) São características do Trovadorismo...

2ª) Relacione as colunas de acordo com as figuras de linguagem.
(1) Metáfora.
(2) Eufemismo.
(3) Zeugma.
(4) Hipérbato.
(5) Hipérbole.
(6) Pleonasmo.

(  ) Aquela mulher é da vida.
(  ) Clara foi ao parque. Mariana, ao cinema.
(  ) João tem um parafuso a menos.
(  ) Já disse um milhão de vezes: não vá.
(  ) Viu com os próprios olhos.
(  ) Batia acelerado meu coração.

3ª) Identifique o sujeito das orações.
a) Corram logo!
b) Fique em casa.

4ª) Identifique o que propõe cada uma das funções da linguagem.

5ª) Destaque os morfemas das formas verbais que seguem.
a) amávamos.
b) falásseis.
c) classificamos.
d) estaria.

6ª) Discorra em poucas linhas o que acontece no conto "Bocatorta".

7ª) Identifique as características de cada uma das Vanguardas.

Roteiro para Avaliação Global - 3º Bimestre
Processo histórico da educação brasileira.
Novas tecnologias.
Verbos: morfemas e modos verbais.
Trovadorismo.
Sentido conotativo e denotativo.
Figuras de linguagem.
Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Funções da linguagem.
Os sertões.
Triste fim de Policarpo Quaresma.
Urupês.
As Vanguardas Europeias.
Interpretação de texto.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Bocatorta (Monteiro Lobato)

 
A quarto de légua do arraial do Atoleiro começam as terras da fazenda de igual nome, pertencente ao major Zé Lucas. A meio entre o povoado e o estirão das matas virgens dormia de papo acima um famoso pântano. Pego de insidiosa argila negra fraldejado de velhos guaiambés nodosos, a taboa esbelta cresce-lhe à tona, viçosa na folhagem eréctil que as brisas tremelicam. Pela inflorescência, longas varas soerguem-se a prumo, sustendo no ápice um chouriço cor de telha que, maturado, se esbruga em paina esvoaçante. Corre entre seus talos a batuíra de longo bico, e saltita pelas hastes a corruíra-do-brejo, cujo ninho bojudo se ouriça nos espinheiros marginais. Fora disso, rãs, mimbuias pensativas e, a rabear nas poças verdinhentas de algas, a traíra, esse voraz esqualozinho do lodo. Um brejo, enfim, como cem outros.

Notabiliza-o, porém, a profundidade. Ninguém ao vê-lo tão calmo sonha o abismo traidor oculto sob a verdura.

Dois, três bambus emendados que lhe tentem alcançar o fundo subvertem-se na lama sem alçar pé.

Além de vários animais sumidos nele, conta-se o caso do Simas, português teimoso que, na birra de salvar um burro já atolado a meio, se viu engolido lentamente pelo barro maldito. Desd'aí ficou o atoleiro gravado na imaginativa popular como uma das bocas do próprio inferno.

Transposto o abismo, a vegetação encorpa, até formar a mata por cujo seio corre a estrada mestra da fazenda.

Na manhã daquele dia passara por ali o trole do fazendeiro, de volta da cidade. Além do velho, de sua mulher Don'Ana e de Cristina a filha única, vinha a passeio o bacharel Eduardo, primo longe e noivo da moça. Chegaram e agora ouviam na varanda, da boca do Vargas, fiscal, a notícia do sucedido durante a ausência. Já contara Vargas do café, da puxada dos milhos e estava na criação.

- Porcos têm sumido alguns. Uma leitoa rabicó e um capadete malhado dos "Polancham", há duas semanas que moita. Para mim - ninguém me tira da cabeça - o ladrão foi o negro, inda mais que essa criação costumava se alongar das bandas do brejo. Eu estou sempre dizendo: é preciso tocar de lá o raio do maldelazento. Aquilo, Deus me perdoe, é bicho ruim inteirado. Mas não "querem" me acreditar...

O major sorriu àquele "querem". Vargas, com ojeriza velha ao mísero Bocatorta, não perdia ensanchas de lhe atribuir malefícios e de estumar o patrão a corrê-lo das terras que aquilo, Nossa Senhora! até enguiçava uma fazenda...

Interessado, o moço indagou da estranha criatura.

- Bocatorta é a maior curiosidade da fazenda, respondeu o major. Filho duma escrava de meu pai, nasceu, o mísero, disforme e horripilante como não há memória de outro. Um monstro, de tão feio. Há anos que vive sozinho, escondido no mato, donde raro sai e sempre de noite, O povo diz dele horrores - que come crianças, que é bruxo, que tem parte com o demo. Todas as desgraças acontecidas no arraial correm-lhe por conta. Para mim, é um pobre-diabo cujo crime único é ser feio demais. Como perdeu a medida, está a pagar o crime que não cometeu...

Vargas interveio, cuspilhando com cara de asco: - Se o doutorzinho o visse!... É a coisa mais nojenta deste mundo.

- Feio como o Quasímodo? - Esse não conheço, seu doutor, mas estou aqui estou jurando que o negro passa diante do... como é? Eduardo apaixonava-se pelo caso.

- Mas, amigo Vargas, feio como? Por que feio? Explique-me lá essa feiúra.

Grande parola quando lhe davam trela, Vargas entreparou um bocado e disse: - O doutor quer saber como é o negro? Venha cá.

Vossa Senhoria 'garre um juda de carvão e judie dele; cavoque o buraco dos olhos e afunde dentro duas brasas alumiando; meta a faca nos beiços e saque fora os dois; 'ranque os dentes e só deixe um toco; entorte a boca de viés na cara; faça uma coisa desconforme, Deus que me perdoe.

Depois, como diz o outro, vá judiando, vá entortando as pernas e esparramando os pés. Quando cansar, descanse.

Corra o mundo campeando feiúra braba e aplique o pior no estupor. Quando acabar 'garre no juda e ponha rente de Bocatorta. Sabe o que acontece? O juda fica lindo!...

Eduardo desferiu uma gargalhada.

- Você exagera, Vargas. Nem o diabo é tão feio assim, criatura de Deus! - Homem, seu doutor, quer saber? Contando não se acredita. Aquilo é feiúra que só vendo! - Nesse caso quero vê-la. Um horror desse naipe merece uma pernada.

Nesse momento surgiu Cristina à porta, anunciando café na mesa.

- Sabe? - disse-lhe o noivo. - Temos um belo passeio em perspectiva: desentocar um gorila que, diz o Vargas, é o bicho mais feio do mundo.

- Bocatorta? - exclamou Cristina com um reverbero de asco no rosto. - Não me fale. Só o nome dessa criatura já me põe arrepios no corpo.

E contou o que dele sabia.

Bocatorta representara papel saliente em sua imaginação. Pequenita, amedrontavam-na as mucamas com a cuca, e a cuca era o horrendo negro. Mais tarde, com ouvir às crioulinhas todos os horrores correntes à conta dos seus bruxedos, ganhou inexplicável pavor ao notâmbulo. Houve tempo no colégio em que, noites e noites a fio, o mesmo pesadelo a atropelou. Bocatorta a tentar beijá-la, e ela, em transes, a fugir. Gritava por socorro, mas a voz lhe morria na garganta. Despertava arquejante, lavada em suores frios.

Curou-a o tempo, mas a obsessão vincara fundos vestígios em su'alma.

Eduardo, não obstante, insistia.

- É o meio de te curares de vez. Nada como o aspecto cru da realidade para desmanchar exageros de imaginação.

Vamos todos, em farrancho - e asseguro-te que a piedade te fará ver no espantalho, em vez dum monstro, um simples desgraçado digno do teu dó.

Cristina consultou-se por uns momentos e: - Pode ser - disse. - Talvez vá. Mas não prometo! Na hora verei se tenho coragem...

A maturação do espírito em Cristina desbotara a vivacidade nevrótica dos terrores infantis. Inda assim vacilava.

Renascia o medo antigo, como renasce a encarquilhada rosa de Jericó ao contato de uma gota d'água. Mas vexada de aparecer aos olhos do noivo tão infantilmente medrosa, deliberou que iria; desde esse instante, porém, uma imperceptível sombra anuviou-lhe o rosto.

Ao jantar foram o assunto as novidades do arraial - eternas novidades de aldeias, o Fulano que morreu, a Sicrana que casou. Casara um boticário e morrera uma menina de quatorze anos, muito chegada à gente do major. Particularmente condoída, Don'Ana não a tirava da idéia.

- Pobre da Luizinha! Não me sai dos olhos o jeito dela, tão galante, quando vinha aqui pelo tempo das jabuticabas.

Ali, naquela porta - "Dá licença, Don'Ana!" - tão cheia de vida, vermelhinha do sol... Quem diria...

- E ainda por cima a tal história de cemitério... interveio Cristina. Papai soube? Corriam no arraial rumores macabros. No dia seguinte ao enterramento o coveiro topou a sepultura remexida, como se fora violada durante a noite; e viu na terra fresca pegadas misteriosas de uma "coisa" que não seria bicho nem gente deste mundo. Já duma feita sucedera caso idêntico por ocasião da morte da Sinhazinha Esteves; mas todos duvidaram da integridade dos miolos do pobre coveiro sarapantado. Esses incréus não mofavam agora do visionário, porque o padre e outras pessoas de boa cabeça, chamadas a testemunhar o fato, confirmavam-no.

Imbuído do ceticismo fácil dos moços da cidade, Eduardo meteu a riso a coisa muita fortidão de espírito.

- A gente da roça duma folha d'embaüva pendurada no barranco faz logo, pelo menos, um lobisomem e três mulas-sem-cabeça. Esse caso do cemitério: um cão vagabundo entrou lá e arranhou a terra. Aí está todo o grande mistério! Cristina objetou: - E os rastos? - Os rastos! Estou a apostar como tais rastos são os do próprio coveiro. O terror impediu-lhe de reconhecer o molde do casco...

- E o padre Lisandro? - acudiu Don'Ana, para quem um testemunho tonsurado era documento de muito peso.

Eduardo cascalhou uma risada anticlerical e, trincando um rabanete, expectorou: - Ora, o padre Lisandro! Pelo amor de Deus, Don'Ana! O padre Lisandro é o próprio coveiro de batina e coroa! A propósito...

E contou a propósito vários casos daquele tipo, os quais no correr do tempo vieram a explicar-se naturalmente, com grande cara d'asno dos coveiros e lisandros respectivos.

Cristina ouviu, com o espírito absorto em cismas, a bela demonstração geométrica. Don'Ana concordou da boca para fora, por delicadeza. Mas o major, esse não piou sim nem não. A experiência da vida ensinara-lhe a não afirmar com despotismo, nem negar com "oras - Há muita coisa estranha neste mundo... - disse, traduzindo involuntariamente a safada réplica de Hamlet ao cabeça forte do Horacio.

Zangara o tempo quando à tarde o rancho se pôs de rumo ao casebre de Bocatorta.

Ventava. Rebojos de nuvens prenhes sorviam as últimas nesgas do azul.

Os noivos breve se distanciaram dos velhos que, a passos tardos, seguiam comentando a boa composição do futuro casal. Não havia nisso exagero de pais. Eduardo, embora vulgar, tinha a esbelteza necessária para ouvir sem favor o encômio de rapagão, e Cristina era um ramalhete completo das graças que os dezoito anos sabem compor.

Donaire, elegância, distinção... pintam lá vocábulos esbeiçados pelo uso esse punhado de quês particularíssimos cuja soma a palavra "linda" totaliza? Lábios de pitanga, a magnólia da pele acesa em rosas nas faces, olhos sombrios como a noite, dentes de pérola...

as velhas tintas de uso em retratos femininos desde a Sulamita não pintam melhor que o "linda!" dito sem mais enfeites além do ponto de admiração.

Vê-la mordiscando o hastil duma flor de catingueiro colhida à beira do caminho, ora risonha, ora séria, a cor das faces mordida pelo vento frio, madeixas louras a brincarem-lhe nas têmporas, vê-la assim formosa no quadro agreste duma tarde de junho, era compreender a expressão dos roceiros: Linda que nem uma santa.

Olhos, sobretudo, tinha-os Cristina de alta beleza. Naquela tarde, porém, as sombras de sua alma coavam neles penumbras de estranha melancolia. Melancolia e inquietação. O amoroso enlevo de Eduardo esfriava amiúde ante suas repentinas fugas. Ele a percebia distante, ou pelo menos introspectiva em excesso, reticência que o amor não vê de boa cara. E à medida que caminhavam recrescia aquela esquisitice. Um como intáctil morcego diabólico riscava-lhe a alma de voejos pressagos. Nem o estimulante das brisas ásperas, nem a ternura do noivo, nem o "cheiro de natureza" exsolvido da terra, eram de molde a esgarçar a misteriosa bruma de lá dentro.

Eduardo interpelou-a: - Que tens hoje, Cristina? Tão sombria...

E ela, num sorriso triste: - Nada!.. Por quê? Nada... É sempre nada quando o que quer que é lucila avisos informes na escuridão do subconsciente, como sutilíssimos ziguezagues de sismógrafo em prenúncio de remota comoção telúrica. Mas esses nadas são tudo!...

- À esquerda, pelo trilho! A voz do major chamou-os à realidade. Um carreiro mal batido na macega esgueirava-se coleante até a beira dum córrego, onde se reuniram de novo.

O major tomou a frente, e guiou-os floresta adentro pelos meandros duma picada. Era ali o mato sinistro onde se alapavam Bocatorta e o seu cachorro lazarento, Merimbico, nome tresandante a satanismo para o faro do poviléu.

Às sextas-feiras, na voz corrente do arraial, Merimbico virava lobisomem e se punha de ronda ao cemitério, com lamentosos uivos à lua e abocamentos às pobres almas penadas - coisa muito de arrepiar.

O sombrio da mata enoiteceu de vez o coração de Cristina.

- Mas, afinal, para onde vamos, meu pai? Afundar no atoleiro, como o Simas? Meu pai já fez o testamento? - Já, minha filha - chasqueou o major -, e deixo o Bocatorta para você...

Cristina emudeceu. Retransia-a em doses crescentes o velho medo de outrora, e foi com um estremecimento arrepiado que ouviu o ladrido próximo de um cão.

- É Merimbico - disse o velho. - Estamos quase.

Mais cem passos e a mata rasgou-se em clareira, na qual Cristina entreviu a biboca do negro. Fez-se toda pequenina e achegou-se a Don'Ana, apertando-lhe nervosamente as mãos.

- Bobinha! Tudo isso é medo? - Pior que medo, mamãe; é... não-sei-quê! Não tinha feição de moradia humana a alfurja do monstro. À laia de paredes, paus-a-pique mal juntos, entressachados de ramadas secas. Por cobertura, presos, com pedras chatas, molhos de sapé no fio, defumado e podre. Em redor, um terreirinho atravancado de latas ferrujentas, trapos e cacaria velha. A entrada era um buraco por onde mal passaria um homem agachado.

- Olá, caramujo! Sai da toca que estão cá o sinhô moço e mais visitas! - gritou o major.

Respondeu de dentro um grunhido cavo. Ao ouvir tão desagradável som, Cristina sentiu correr na pele o arrepio dos pesadelos antigos, e num incoercível movimento de pavor abraçou-se com a mãe.

O negro saiu da cova meio de rastos, com a lentidão de monstruosa lesma. A princípio surgiu uma gaforinha arruçada, depois o tronco e os braços e a traparia imunda que lhe escondia o resto do corpo, entremostrando nos rasgões o negror da pele craquenta.

Cristina escondeu o rosto no ombro de Don'Ana - não queria, não podia ver.

Bocatorta excedeu a toda pintura. A hediondez personificara-se nele, avultando, sobretudo, na monstruosa deformação da boca. Não tinha beiços, e as gengivas largas, violáceas, com raros cotos de dentes bestiais fincados às tontas, mostravam-se cruas, como enorme chaga viva. E torta, posta de viés na cara, num esgar diabólico, resumindo o que o feio pode compor de horripilante. Embora se lhe estampasse na boca o quanto fosse preciso para fazer daquela criatura a culminância da ascosidade, a natureza malvada fora além, dando-lhe pernas cambaias e uns pés deformados que nem remotamente lembravam a forma do pé humano. E olhos vivíssimos, que pulavam das órbitas empapuçadas, veiados de sangue na esclerótica amarela. E pele grumosa, escamada de escaras cinzentas. Tudo nele quebrava o equilíbrio normal do corpo humano, como se a teratologia caprichasse em criar a sua obra-prima.

À porta do casebre, Merimbico, cachorro à-toa, todo ossos, pele e bernes, rosnava contra os importunos.

Don'Ana e a filha afastaram-se, engulhadas. Só os homens resistiram à nauseante vista, embora a Eduardo o tolhesse uma emoção jamais experimentada, misto de asco, piedade e horror. Aquele quadro de suprema repulsão, novo para seus nervos, desnorteava-lhe as idéias. Estarrecido como em face da Górgona, não lhe vinha palavra que dissesse.

O major, entretanto, trocava língua com o monstro, que em certo ponto, a uma pergunta alegre do velho, arregaçou na cara um riso. Eduardo não teve mão de si. Aquele riso naquela cara sobreexcedia a sua capacidade de horripilação. Voltou o rosto e se foi para onde as mulheres, murmurando: - É demais! É de fazer mal a nervos de aço...

Seus olhos encontraram os de Cristina e neles viram a expressão de pavor da preá engrifada nas puas da suindara - o pavor da morte...

Quando deixaram a floresta, morria a tarde sob o chicote dum vento precursor de chuva.

- Foi imprudência, Cristina, vires sem um xalinho de cabeça ao menos!... Queira Deus...

A moça não respondeu. D'olhos baixos, retransida, respirava a largos haustos, para desafogo dum aperto de coração nunca sentido fora dos pesadelos.

Generalizara-se o silêncio. Só o major tentava espanejar a impressão penosa, chasqueando ora o terror da filha, ora o asco do moço; mas breve calou-se, ganho também pelo mal-estar geral.

Triste anoitecer o daquele dia, picado a espaços pelo surdo revôo dos curiangos. O vento zunia, e numa lufada mais forte trouxe da mata o uivo plangente de Merimbico.

Ao ouvi-lo, um comentário apenas escapou da boca do major: - Diabo! Fechara-se a noite e vinham as primeiras gotas de chuva quando pisaram no alpendre do casarão.

Cristina sentiu pelo corpo inteiro um calafrio, como se a sacudisse a corrente elétrica.

No dia seguinte amanheceu febril, com ardores no peito e tremuras amiudadas. Tinha as faces vermelhas e a respiração opressa.

O rebuliço foi grande na casa.

Eduardo, mordido de remorsos, compulsava com mão nervosa um velho Chernoviz, tentando atinar com a doença de Cristina; mas perdia-se sem bússola no báratro das moléstias. Nesse em meio, Don'Ana esgotava o arsenal da medicina anódina dos símplices caseiros.

O mal, entretanto, recalcitrava às chasadas e sudoríferos. Chamou-se o boticário da vila. Veio a galope o Eusébio Macário e diagnosticou pneumonia.

Quem já não assistiu a uma dessas subitâneas desgraças que de golpe se abatem, qual negro avejão de presa, sobre uma família feliz, e estraçoam tudo quanto nela representa a alegria, e esperança, o futuro? Noites em claro, o rumor dos passos abafados... E o doente a piorar... O médico da casa apreensivo, cheio de vincos na testa... Dias e dias de duelo mudo contra a moléstia incoercível... A desesperança, afinal, o irremediável antolhado iminente; a morte pressentida de ronda ao quarto...

Ao oitavo dia Cristina foi desenganada; no décimo o sino do arraial anunciou o seu prematuro fim.

- Morta!...

Eduardo escondia as lágrimas entre as almofadas do leito, repetindo cem vezes a mesma palavra.

Alcançava-lhe o significado tremendo e, no entanto, quantas vezes a ouvira como a um som oco de sentido! A imagem de Cristina morta, a esfervilhar na dissolução dentro da terra gelada, contrapunha-se às visões da Cristina viva, toda mimos d'alma e corpo, radiosa manhã humana de cuja luz toda se impregnara sua alma. Cerrando os olhos, revia-se durante o passeio fatal, envolta nas brumas de vagos pressentimentos. Vinham-lhe à memória as suas palavras dúbias, a sua vacilação. E arrepelava-se por não ter adivinhado na repulsa da moça os avisos informes de qualquer coisa secreta que tenazmente a defendia. Tais pensamentos, enxameantes como moscas em torno à carne viva da dor de Eduardo, coavam nele venenos cruéis.

Fora, o sol redoirava cruamente a vida.

Brutalidade!...

Morria Cristina e não se desdobravam crepes pelo céu, nem murchavam as folhas das árvores, nem se recobria de cinzas a terra...

Espezinhado pela fria indiferença das coisas, fechou-se na clausura de si próprio, torvo e dolorido, sentindo-se amarfanhar pela pata cega do destino.

Correram horas. Noite alta, acudiu-lhe a idéia de ir ao cemiterinho beijar num último adeus o túmulo da noiva.

Por sobre a vegetação adormecida coava-se o palor cinéreo da minguante. Raras estrelas no céu, e na terra nenhum rumorejo além do remoto uivar de um cão - Merimbico talvez - a escandir o concerto das untanhas que coaxavam glu-glus nas aguadas.

Eduardo alcançou o cemitério. Estava encadeado o portão. Apoiou a testa nos frios varões ferrujentos e mergulhou os olhos queimados de lágrimas por entre os carneiros humildes, em busca do que recebera Cristina.

No ar, um silêncio de eternidade.

Brisas intermitentes carreavam o olor acre dos cravos-de-defunto floridos na tristeza daquele cemitério da roça.

Seu olhar pervagava de cruz em cruz na tentativa de atinar com o sítio onde Cristina dormia o grande sono, quando um rumor suspeito lhe feriu os ouvidos. Direis um arranhar de chão em raspões cautelosos, ao qual se casava o resfolego duma criatura viva.

Pulsou-lhe violento o sangue. Os cabelos cresceram-lhe na cabeça. Alucinação? Apurou os ouvidos: o rumor estranho lá continuava, vindo de um ponto sombreado de ciprestes. Firmou a vista: qualquer coisa agachava-se na terra.

Súbito, num relâmpago, fulgurou em sua memória a cena do jantar, o caso de Luizinha, as palavras de Cristina.

Eduardo sentiu arrepiarem-se-lhe os cabelos e, ganho dum pânico desvairado, deitou a correr como um louco rumo à fazenda, em cujo casarão penetrou de pancada, sem fôlego, lavado em suor frio, despertando de sobressalto a família.

Com gritos de espanto, que o cansaço e o bater dos dentes entrecortavam, exclamou entre arquejos: - Estão desenterrando Cristina... Eu vi uma coisa desenterrando Cristina...

- Que loucura é essa, moço? - Eu vi... - continuava Eduardo com os olhos desmesuradamente abertos. - Eu vi uma coisa desenterrando Cristina...

O major apertou entre as mãos a testa. Esteve assim imóvel uns instantes. Depois sacudiu a cabeça num gesto de decisão e, horrivelmente calmo, murmurou entre dentes, como em resposta a si próprio: - Será possível, meu Deus? Vestiu-se de golpe, meteu no bolso o revólver e atirando três palavras enigmáticas à estarrecida Don'Ana, gritou para Eduardo com inflexão de aço na voz: - Vamos! Magnetizado pela energia do velho, o moço acompanhou-o qual sonâmbulo.

No terreiro apareceu-lhes o capataz.

- Venha conosco. A "coisa" está no cemitério.

Vargas passou mão de uma foice.

- Vai ver que é ele, patrão, até juro! O major não respondeu - e os três homens partiram a correr pelos campos em fora.

A meio caminho, Eduardo, exausto de tantas emoções, atrasou-se. Seus músculos recusaram-lhe obediência. Ao defrontar com o atoleiro, as pernas lhe fraquearam de vez e ele caiu, ofegante.

Entrementes, o major e o feitor alcançavam o cemitério, galgavam o muro e aproximavam-se como gatos do túmulo de Cristina.

Um quadro hediondo antolhou-se-lhes de golpe: um corpo branco jazia fora do túmulo - abraçado por um vulto vivo, negro e coleante como o polvo.

O pai de Cristina desferiu um rugido de fera, e qual fera mal ferida arrojou-se para cima do monstro. A hiena, mau grado a surpresa, escapou ao bote e fugiu. E, coxeando, cambaio, seminu, de tropeços nas cruzes, a galgar túmulos com agilidade inconcebível em semelhante criatura, Bocatorta saltou o muro e fugiu, seguido de perto pela sombra esganiçante de Merimbico.

Eduardo, que concentrara todas as forças para seguir de longe o desfecho do drama, viu passar rente de si o vulto asqueroso do necrófilo, para em seguida desaparecer mergulhando na massa escura dos guaiambés.

Voando-lhe no encalço, viu passar em seguida o vulto dos perseguidores.

Houve uma pausa, em que só lhe feriu o ouvido o rumor da correria. Depois, gritos de cólera, d'envolta a um grunhir de queixada caído em mundéu - e tudo se misturou ao barulho da luta que o uivo de Merimbico dominava lugubremente.

O moço correu a mão pela testa gelada: estaria nas unhas dum pesadelo? Não; não era sonho. Disse-lho a voz alterada do feitor, esboçando o epílogo da tragédia: - Não atire, major, ele não merece bala. P'ra que serve o atoleiro? E logo após Eduardo sentiu recrudescer a luta, entre imprecações de cólera e os grunhidos cada vez mais lamentosos do monstro. E ouviu farfalhar o mato, como se por ele arrastassem um corpo manietado, a debater-se em convulsões violentas. E ouviu um rugido cavo de supremo desespero. E após, o baque fofo de um fardo que se atufa na lama.

Uma vertigem escureceu-lhe a vista; seus ouvidos cessaram de ouvir; seu pensamento adormeceu...

Quando voltou a si, dois homens borrifavam-lhe o rosto com água gelada. Encarou-os, marasmado. Ergueu-se, mal firme, apoiado a um deles. E reconheceu a voz do major, que entre arquejos de cansaço lhe dizia: - Seja homem, moço. Cristina já está enterrada, e o negro...

- ... está beijando o barro, concluiu sinistramente o Vargas.

Ao raiar do dia, Merimbico ainda lá estava, sentado nas patas traseiras, a uivar saudosamente com os olhos postos no sítio onde sumira o seu companheiro.

Nada mais lembrava a tragédia noturna nem denunciava o túmulo de lodo açaimador da boca hedionda que babujara nos lábios de Cristina o beijo único de sua vida.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Atividade Pré-Modernismo


01. Além de retratar os conflitos ocorridos durante a Guerra de Canudos, Euclides da Cunha atribuiu maior destaque a três principais aspectos que foram abordados em sua obra. Destaque e comente sobre essas três partes do livro.

02. Em Os Sertões, de Euclides da Cunha, a natureza
a) condiciona o comportamento do homem, de acordo com as concepções do determinismo cientifico de fins do século XIX.
b) funciona como  contraponto à narração, ressaltando o contaste entre o meio inerte e o homem agressivo.
c) é o tema da primeira parte da obra, A Terra, mas não funciona como elemento determinante da ação.
d) é cenário desolador, dentro do qual vivem e lutam os homens que podem transformá-la, sem que sejam por ela transformados.

03. Assinale a alternativa incorreta sobre o Pré-Modernismo:
a) Não se caracterizou como uma escola literária com princípios estéticos bem delimitados, mas como um período de prefiguração das inovações temáticas e linguísticas do Modernismo.
b) Algumas correntes de vanguarda do início do século XX, como o Futurismo e o Cubismo, exerceram grande influência sobre nossos escritores pré-modernistas, sobretudo na poesia.
c) Tanto Lima Barreto quanto Monteiro Lobato são nomes significativos da literatura pré-modernista produzida nos primeiros anos do século XX, pois problematizam a realidade cultural e social do Brasil.
d) Euclides da Cunha, com a obra "Os Sertões", ultrapassa o relato meramente documental da batalha de Canudos para fixar-se em problemas humanos e revelar a face trágica da nação brasileira.

MATERIAL DE APOIO PARA AS AULAS DE LITERATURA

Os sertões em 1 minuto.


                                           

Livro em PDF

segunda-feira, 14 de maio de 2018

MATERIAL DE APOIO PARA A AULA DE LITERATURA - NATURALISMO

O CORTIÇO, DE ALUÍSIO DE AZEVEDO.

FILME

ÁUDIO DO LIVRO

LIVRO EM PDF


Vídeos para a aula de Formação Cidadã

VÍDEO 01.

VÍDEO 02.

VÍDEO 03.


VÍDEO 04.

quarta-feira, 11 de abril de 2018


Atividade sobre o Realismo.

01. O Realismo, escola literária cujo principal representante brasileiro foi Machado de Assis, tem como característica principal a retratação da realidade tal qual ela é, fugindo dos estereótipos e da visão romanceada que vigorava até aquele momento. Sobre o contexto histórico no qual o Realismo está situado, são corretas as proposições:
I- O Brasil vivia tempos de calmaria política e social, havia um clima de conformidade, configurando o contentamento da colônia com sua metrópole, Portugal.
II- Em virtude das intensas transformações sociais e políticas, o Brasil é retratado com fidedignidade, reagindo às propostas românticas de idealização do homem e da sociedade.
III- Tem grande influência das teorias positivistas originárias na França, onde também havia um movimento de intensa observação da realidade e descontentamento com os rumos políticos e sociais do país.
IV- Surgiu na segunda metade do século XX, quando no mundo eclodiam as teorias de expansões territoriais que culminaram nas duas grandes guerras. O Realismo teve como propósito denunciar esse panorama de instabilidade mundial.
Estão corretas
a) todas estão corretas.
b) apenas II e III estão corretas.
c) I, II e III estão corretas.
d) II, III e IV estão corretas.
e) I e V estão corretas.

“(...) Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria. (...)”.
02. De acordo com a leitura da célebre frase que integra o livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, podemos afirmar que Machado de Assis filiou-se à tendência:
a) Modernista.
b) Naturalista.
c) Árcade.
d) Positivista.
e) Realista.

03. Sobre o Realismo, é incorreto afirmar que:
a) Surge em um contexto econômico, social e político conturbado e de grandes transformações.
b) Faz uma dura crítica ao Romantismo e à maneira idealizada com a qual o homem era retratado pelos olhos dos escritores que se dedicaram a essa escola literária.
c) Utiliza uma linguagem repleta de maneirismos, com predominância da subjetividade, cuja estética contemplava a metalinguagem e o ideal da arte pela arte.
d) Foi inaugurado por Machado de Assis, tendo no escritor seu maior expoente, perpetuando a estética realista até os dias de hoje.
  
(ENEM 2001)
04. No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo de época: o romantismo.
“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.”
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Rio de Janeiro: Jackson, 1957.
A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcrita na alternativa:
a) ... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas...
b) ... era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça...
c) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, ...
d) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos...
e) ... o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.

05. Sobre o Realismo, assinale a alternativa INCORRETA.
a) O Realismo surgiu na Europa, como reação ao Naturalismo.
b) O Realismo e o Naturalismo têm as mesmas bases, embora sejam movimentos diferentes.
c) O Realismo surgiu como consequência do cientificismo do século XIX.
d) Gustave Flaubert foi um dos precursores do Realismo. Escreveu Madame Bovary.

06. Sobre a literatura realista, é incorreto afirmar:
a) Teve início na Europa com a publicação do romance Madame Bovary(1857), de Gustave Flaubert, e do romance naturalista Thérèse Raquin (1867), de Émile Zola.
b) Em comum, Realismo e Naturalismo apresentam os seguintes aspectos: combate ao Romantismo, o resgate do objetivismo na literatura e o gosto pelas descrições.
c) Entre as principais características do Realismo estão: personagens planas, de pensamentos e ações previsíveis, individualismo, subjetivismo e linguagem culta permeada por metáforas.
d) Entre as principais características do Realismo estão: personagens trabalhadas psicologicamente, universalismo, objetivismo, linguagem culta e direta.

terça-feira, 3 de abril de 2018

Livros cobrados na Avaliação Parcial de Língua Portuguesa do 2º Bimestre

1. Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.
Filme baseado no livro.

Obra em PDF.

Áudio do livro.


2. Dom Casmurro, de Machado de Assis.
Roteiro da obra Dom Casmurro.

Obra em PDF.

Áudio do livro.



Bons estudos!


terça-feira, 6 de março de 2018


Exercício sobre os pronomes pessoais.


01. (UFPR) Complete com os pronomes e indique a opção correta, dentre as indicadas abaixo:
1. De repente, deu-lhe um livro para _____ ler.
2. De repente, deu um livro para _____ .
3. Nada mais há entre _____ e você.
4. Sempre houve entendimentos entre _____ e ti.
5. José, espere vou _____ .

a) ele, mim, eu, eu, consigo
b) ela, eu, mim, eu, contigo
c) ela, mim, mim, mim, com você
d) ela, mim, eu, eu, consigo
e) ela, mim, eu, mim, contigo

02. (Cesgranrio) Marque a opção em que a forma pronominal utilizada está INCORRETA.
a) É difícil, para mim, praticar certos exercícios físicos.
b) Ainda existem muitas coisas importantes para eu fazer.
c) Os chinelos da aposentadoria não são para ti.
d) Quando a aposentadoria chegou, eu caí em si.
e) Para tu não teres aborrecimentos, evita o excesso de velocidade.

03. (ENEM) O uso do pronome átono no início das frases é destacado por um poeta e por um gramático nos textos abaixo.
Pronominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
(ANDRADE, Oswald de. Seleção de textos. São Paulo: Nova Cultural, 1988.)
“Iniciar a frase com pronome átono só é lícito na conversação familiar, despreocupada, ou na língua escrita quando se deseja reproduzir a fala dos personagens (…)”.
(CEGALLA. Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. São Paulo: Nacional, 1980.)

Comparando a explicação dada pelos autores sobre essa regra, pode-se afirmar que ambos:
a) Condenam essa regra gramatical
b) Acreditam que apenas os esclarecidos sabem essa regra.
c) Criticam a presença de regras na gramática.
d) Afirmam que não há regras para uso de pronomes.
e) Relativizam essa regra gramatical.


04. (UFV-MG) Das alternativas abaixo, apenas uma preenche de modo correto as lacunas das frases. Assinale-a.
Quando saíres, avisa-nos que iremos _____ .
Meu pai deu um livro para _____ ler.
Não se ponha entre _____ e ela.
Mandou um recado para você e para _____ .
a) contigo, eu, eu, eu
b) com você, mim, mim, mim
c) consigo, mim, mim, eu
d) consigo, eu, mim, mim
e) contigo, eu, mim, mim

05. (UFAM) Assinale o item em que há erro no emprego do pronome pessoal:
a) Recebidas as mangas, os meninos as repartiam irmãmente entre si.
b) Sempre me presenteava livros, dizendo-me que era para eu adquirir o hábito da leitura.
c) Estas deliciosas balas de mangarataia, eu as trouxe para ti levares ao Píndaro.
d) Os altruístas pensam menos em si e mais nos outros.


06. Complete as frases com os pronomes EU ou MIM:
a) Vou comprar aquela casa para _________.
b) Preciso de um financiamento para __________ comprar aquela casa.
c) Faltam quinze dias para _____________ entrar de férias.
d) Aquelas flores são para __________.
e) Eles viajaram ante de ___________.

07. Substitua os pronomes em destaque por pronomes oblíquos:
a) Ele pegou as minhas mão delicadamente.
b) A garota já devolveu tua boneca.
c) O novo professor conquistou a minha admiração.

08. (FGV – adaptada) O fragmento a seguir, extraído do romance “O Amanuense Belmiro”, de Cyro dos Anjos, é a base para a questão:
“Eu ia, atento e presente, em busca de um bonde e de Jandira. Foi só ouvir uma sanfona, perdi o bonde, perdi o rumo, e perdi Jandira. Fiquei rente do cego da sanfona, não sei se ouvindo as suas valsas ou se ouvindo outras valsas que elas foram acordar na minha escassa memória musical.
Depois, o cego mudou de esquina, e continuei a pé o caminho, mas bem percebi que os passos me levavam, não para o cotidiano, mas para tempos mortos.”
ANJOS, Cyro dos. O amanuense Belmiro. 8ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1975, p. 15.

Classifique morfologicamente o termo “elas” e aponte a que termo se refere. Justifique sua resposta.


09. Tendo em vista que os pronomes pessoais do caso oblíquo atuam, também, como complementos verbais, substitua o termo em destaque por um pronome adequado, tendo em vista as adaptações que se fizerem necessárias, portanto:
a – Encontrei Maria passeando no shopping.
b – É preciso por as ideias em ordem nesse momento.


10. Leia atentamente as seguintes frases:

I - João deu o livro para mim ler.
II - João deu o livro para eu ler.

A respeito das frases anteriores, assinale a afirmação correta:
a) a frase I está certa, pois a preposição para exige o pronome oblíquo mim.
b) a frase II está certa¸ pois o sujeito de ler deve ser o pronome do caso reto eu.
c) a frase II está certa, pois para exige o pronome do caso reto eu.
d) ambas as frases estão corretas, pois a preposição para pode exigir a forma mim quanto a eu.


Exercício sobre o Romantismo e a obra O Guarani.

01. (UFPR) Qual das informações sobre José de Alencar é correta?
a) Alencar foi um romancista que soube conciliar um romantismo exacerbado com certas reminiscências do Arcadismo, manifestas, principalmente, na linguagem clássica.
b) Alencar, apesar de todo o idealismo romântico, conseguiu, nas obras Lucíola e Senhora, captar e denunciar certos aspectos profundos, recalcados, da realidade social e individual, em que podemos detectar um pré-realismo ainda inseguro.
c) A obra de José de Alencar, objetivando atingir a História do Brasil e a síntese de suas origens, volta-se exclusivamente para assuntos indígenas e regionalistas, sem incursões pelo romance urbano.
d) O indianismo de José de Alencar baseou-se em dados reais e pesquisa antropológica, apresentando, por isso, uma imagem do índio brasileiro sem deformação ou idealismo.

02. Sobre José de Alencar, julgue as proposições:
I. José de Alencar foi o principal romancista brasileiro da fase romântica;
II. Na Literatura, escreveu romances indianistas, históricos, urbanos e regionalistas;
III. Seu projeto literário estava voltado para a construção da cultura brasileira, no qual o romance indianista ganhou papel de destaque;
IV. José de Alencar foi o primeiro grande poeta social brasileiro, conciliando ideias de reforma social com aspectos específicos da poesia.
V. Retratou o lado feio e esquecido pelos primeiros românticos: a escravidão dos negros, a opressão e a ignorância do povo brasileiro.
a) IV e V estão corretas.
b) I, II e III estão corretas.
c) I, III e IV estão corretas.
d) Apenas I está correta.
e) Todas as alternativas estão corretas.

03. (USP) O índio, em alguns romances de José de Alencar, como Iracema e O Guarani, é
a) retratado com objetividade, numa perspectiva rigorosa e científica.
b) idealizado sobre o pano de fundo da natureza, da qual é o herói épico.
c) pretexto episódico para descrição da natureza.
d) visto com o desprezo do branco preconceituoso, que o considera inferior.
e) representado como um primitivo feroz e de maus instintos.

04. (PUC) No romance Senhora, José de Alencar dá um passo em relação à crítica dos valores da sociedade burguesa, na medida em que coloca como protagonistas personagens que se deixam corromper por dinheiro. Entretanto, essa crítica se dilui e ele se reafirma como escritor romântico, nessas obras, porque
a) pune os protagonistas no final, levando-os a um casamento infeliz;
b) justifica o conflito dos protagonistas com a sociedade pela diferença de raça: uns, índios idealizados; outros, brasileiros com maneiras europeias;
c) confirma os valores burgueses, condenando os protagonistas à morte;
d) resolve a contradição entre o dinheiro e valores morais tornando os protagonistas ricos e poderosos;
e) permite aos protagonistas recuperarem sua dignidade pela força do amor.

05. (FUVEST-SP) Sobre o romance indianista de José de Alencar, pode-se afirmar que
a) analisa as reações psicológicas da personagem como um efeito das influências sociais.
b) é um composto resultante de formas originais do conto.
c) dá forma ao herói misturando-o à vida da natureza.
d) representa contestação política ao domínio português.
e) mantém-se preso aos modelos legados pelos clássicos.

06. (UCP-PR) A trilogia de livros indianistas de José de Alencar é composta por
a) Iracema, Ubirajara, Inocência
b) O guarani, Iracema, A escrava Isaura
c) A Moreninha, Iracema, Lucíola
d) Memórias de um sargento de milícias, O Guarani, O tronco do ipê
e) Ubirajara, O guarani, Iracema.

07.  (UM-SP) O gosto pela expressão dos sentimentos, dos sonhos e das emoções que agitam seu mundo interior, numa atitude individualista e profundamente pessoal, marcou os autores do
a) movimento realista.
b) movimento árcade.
c) movimento romântico.
d) movimento barroco.
e) movimento naturalista.

08.  (OSEC-SP) A época romântica caracteriza-se por ser
a) lusófoba e nacionalista.
b) de influência inglesa.
c) ateia e barroca.
d) carente de bons poetas.

09. (FMU/FIAM-SP) O homem de todas as épocas se preocupa com a natureza. Cada período a vê de modo particular. No Romantismo, a natureza aparece como
a) um cenário cientificamente estudado pelo homem; a natureza é mais importante que o elemento humano.
b) um cenário estático, indiferente; só o homem se projeta em busca de sua realização.
c) um cenário sem importância nenhuma; é apenas pano de fundo para as emoções humanas.
d) confidente do poeta, que compartilha seus sentimentos com a paisagem; a natureza se modifica de acordo com o estado emocional do poeta.
e) um cenário idealizado, onde todos são felizes e os poetas são pastores.

Leia o texto:
(MACK-SP) O tigre tinha-se voltado ameaçador e terrível, aguçando os dentes uns nos outros, rugindo de fúria e vingança: de dois saltos aproximou-se novamente. 
Era uma luta de morte a que ia se travar; o índio o sabia, e esperou tranquilamente, como da primeira vez; a inquietação que sentira um momento de que a presa lhe escapasse, desaparecera: estava satisfeito. 
Assim esses dois selvagens das matas do Brasil, cada um com as suas armas, cada um com a consciência de sua força e de sua coragem, consideravam-se mutuamente como vítimas que iam ser imoladas. 
José de Alencar, O guarani

10. Assinale a alternativa que apresenta provas textuais da onisciência do narrador. 
a) tinha-se voltado ameaçador e terrível; estava satisfeito.
b) aguçando os dentes uns nos outros; rugindo de fúria e vingança. 
c) de dois saltos aproximou-se novamente; estava satisfeito. 
d) o índio o sabia; estava satisfeito. 
e) esses dois selvagens das matas do Brasil; cada um com as suas armas. 

11. Considerado também o seu contexto histórico, afirma-se corretamente que o texto
a) exemplifica uma orientação estético-ideológica do século XIX que idealizou as origens do Brasil. 
b) prenuncia o estilo naturalista, haja vista a idealização da natureza e a identificação entre o humano e o animal. 
c) pertence à literatura colonial brasileira, marcada especialmente pela valorização dos povos e costumes indígenas. 
d) parodia o estilo romântico que, influenciado pelas ideias de Rousseau, concebia o indígena como "o bom selvagem". 
e) traz índices da literatura realista do século XIX, cujo foco era a análise das condições de vida nas zonas rurais do território brasileiro. 

Bons estudos!

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018


Seleção de material para a avaliação de literatura: o romance indianista e o romance regionalista.

1. Obra O Guarani, de José de Alencar.

Filme O Guarani.



Áudios do livro O Guarani.





Livro O Guarani em PDF.


2. Obra O Cabeleira, de Franklin Távora.

Filme O Cabeleira.


Áudio do livro O Cabeleira.


Livro O Cabeleira em PDF.


3. Obra Inocência, de Visconde Taunay.

Filme Inocência.


Áudio do livro Inocência.


Livro Inocência em PDF.



BONS ESTUDOS!

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018


O texto conta a história de um homem que “entrou pelo cano”.
O Homem que entrou pelo cano

Abriu a torneira e entrou pelo cano. A princípio incomodava-o a estreiteza do tubo. Depois se acostumou. E, com a água, foi seguindo. Andou quilômetros. Aqui e ali ouvia barulhos familiares. Vez ou outra um desvio, era uma seção que terminava em torneira. Vários dias foi rodando, até que tudo se tornou monótono. O cano por dentro não era interessante. No primeiro desvio, entrou. Vozes de mulher. Uma criança brincava. Então percebeu que as engrenagens giravam e caiu numa pia. À sua volta era um branco imenso, uma água límpida. E a cara da menina aparecia redonda e grande, a olhá-lo interessada. Ela gritou: “Mamãe, tem um homem dentro da pia”. Não obteve resposta. Esperou, tudo quieto. A menina se cansou, abriu o tampão e ele desceu pelo esgoto.

BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Cadeiras Proibidas. São Paulo: Global, 1988, p. 89.

1. O conto cria uma expectativa no leitor pela situação incomum criada pelo enredo. O resultado não foi o esperado porque
(A) a menina agiu como se fosse um fato normal.
(B) o homem demonstrou pouco interesse em sair do cano.
(C) as engrenagens da tubulação não funcionaram.
(D) a mãe não manifestou nenhum interesse pelo fato.

O Drama das Paixões Platônicas na Adolescência

Bruno foi aprovado por três dos sentidos de Camila: visão, olfato e audição. Por isso, ela precisa conquistá-lo de qualquer maneira.  Matriculada na 8ª série, a garota está determinada a ganhar o gato do 3º ano do Ensino Médio e, para isso, conta com os conselhos de Tati, uma especialista na arte da azaração. A tarefa não é simples, pois o moço só tem olhos para Lúcia - justo a maior “crânio” da escola. E agora, o que fazer? Camila entra em dieta espartana e segue as leis da conquista elaboradas pela amiga.

Revista Escola, março 2004, p. 63 

2. Pode-se deduzir do texto que Bruno
(A) chama a atenção das meninas. 
(B) é mestre na arte de conquistar. 
(C) pode ser conquistado facilmente. 
(D) tem muitos dotes intelectuais.

Pã, uma divindade rural
De acordo com a mitologia greco-romana, Pã ou Pan é o deus dos bosques e dos campos, dos rebanhos e dos pastores. Morava em grutas, vagava pelas montanhas e pelos vales e divertia- se caçando ou dirigindo as danças das ninfas (divindades dos rios, dos bosques, das florestas e dos campos). Amante da música, inventou a avena, uma flauta, que tocava exemplarmente. Pã era temido por todos aqueles que tinham que atravessar as matas durante a noite, pois as trevas e a solidão desses lugares predispunham as pessoas a medos e superstições. Por isso, os
pavores desprovidos de causas aparentes eram atribuídos a Pã e chamados de pânico.
Fonte: Thomas Bulfinch. O livro de ouro da mitologia.Rio de Janeiro: Ouro, 1967

3. Em “(...) e a solidão desses lugares (...)”, a expressão em destaque” refere-se
(A) às montanhas.
(B) aos vales.
(C) aos bosques.
(D) às matas.

Neologismo
Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo
Teadoro, Teodora.

http://www.casadobruxo.com.br/poesia/m/neo.htm

4. O sentido da palavra do título - Neologismo – está ratificado no seguinte verso:
(A) “Beijo pouco, falo menos ainda”.
(B) “Mas invento palavras”.
(C) “É mais cotidiana”.
(D) “Intransitivo”.

Os livros e suas vozes

Sempre gostei muito de livros e, além dos livros escolares, li os de histórias infantis, e os de adultos: mas estes não me pareciam tão interessantes, a não ser, talvez, Os Três Mosqueteiros, numa edição monumental, muito ilustrada, que fora do meu avô. Aquilo era uma história que não acabava nunca; e acho que esse era o seu principal encanto para mim. Descobri o dicionário, uma das invenções mais simples e formidáveis e também achei que era um livro maravilhoso, por muitas razões. (...) quando eu ainda não sabia ler, brincava com os livros e imaginava-os cheios de vozes, contando o mundo.

MEIRELES, Cecília. Obra Poética. Rio de janeiro: Aguillar, 1997.

5. O trecho em que se identifica a opinião da autora é
(A) “Sempre gostei muito de livros...”
(B) “(...) além dos livros escolares, li os de histórias infantis, (...)”
(C) ”(...) achei que era um livro maravilhoso, (...)”
(D) “quando eu ainda não sabia ler, brincava com os livros (...)”

 CAPA

A inspiradora reportagem sobre as crises de idade nos leva a muitas reflexões, mas acredito que a mais importante delas diz respeito à estrutura de personalidade que cada um desenvolve. É consenso, entre pessoas maduras e bem estruturadas emocionalmente, que vivemos a vida de acordo com nossa base psicológica. Por isso, é importante que, da infância até o início da vida adulta, saibamos estruturar o arcabouço daquilo que seremos. Quem tem um bom alicerce, enfrentará seguramente qualquer tipo de problema. Reinvente-se a cada idade. (José Elias) Alex Neto, Foz do Iguaçu – PR

6. A palavra que marca a opinião do leitor em relação à reportagem é:
A) Consenso.
B) Importante.
C) Inspiradora.
D) Seguramente.

O QUE É E COMO SE CALCULA O ÍNDICE

PLUVIOMÉTRICO?
O índice pluviométrico refere-se à quantidade de chuva por metro quadrado em determinado local, representado em milímetros. Para chegar a esse índice, as centenas de estações meteorológicas espalhadas pelo país utilizam um aparelho conhecido como pluviômetro. Há vários modelos diferentes, mas o instrumento constitui-se, basicamente, de funil de captação e básculas que enviam sinais elétricos para uma estação meteorológica. Com base em todos os aparelhos instalados na cidade, é possível chegar à média de precipitação observada na área total.
SOUZA, Ester Maria. Nova Escola. Abril, ano 24, nº 223, p. 26.

7. O texto pertence ao gênero
a) piada.
b) crônica.
c) conto.
d) notícia.