terça-feira, 5 de fevereiro de 2019


Livro indicado do mês de fevereiro.


D1 – Localizar informação explícita.
Texto I
Namoro

O melhor do namoro, claro, é o ridículo. Vocês
dois no telefone:
— Desliga você.
— Não, desliga você.
— Você.
— Você.
— Então vamos desligar juntos.
— Tá. Conta até três.
— Um... Dois... Dois e meio...
Ridículo agora, porque na hora não era não.
Na hora nem os apelidos secretos que vocês
tinham um para o outro, lembra? Eram ridículos.
Ronron. Suzuca. Alcizanzão. Surusuzuca. Gongonha
(Gongonhal) Mamosa. Purupupuca...
Não havia coisa melhor do que passar tardes
inteiras num sofá, olho no olho, dizendo:
— As dondozeira ama os dondozeiro?
— Ama.
— Mas os dondozeiro ama as dondozeira
mais do que as dondozeira ama os dondozeiro.
Na-na-não. As dondozeira ama os
dondozeiro mais do que, etc.
E, entremeando o diálogo, longos beijos,
profundos beijos, beijos mais do que de línguas,
beijos de amígdalas, beijos catetéricos. Tardes
inteiras. Confesse: ridículo só porque nunca
mais.
Depois de ridículo, o melhor do namoro são
as brigas. Quem diz que nunca, como quem não
quer nada, arquitetou um encontro casual com a
ex ou o ex só para ver se ela ou ele está com
alguém, ou para fingir que não vê, ou para ver e
ignorar, ou para dar um abano amistoso
querendo dizer que ela ou ele agora significa tão
pouco que podem até ser amigos, está mentindo.
Ah, está mentindo.
E melhor do que as brigas são as
reconciliações. Beijos ainda mais profundos,
apelidos ainda mais lamentáveis, vistos de longe.
A gente brigava mesmo era para se reconciliar
depois, lembra? Oito entre dez namorados
transam pela primeira vez fazendo as pazes.
Não estou inventando. O IBGE tem as
estatísticas.
VERÍSSIMO, Luís Fernando. Correio Braziliense. 13/06/1999.

01. No texto, considera-se que o melhor do namoro
é o ridículo associado:
(A) às brigas por amor.
(B) às mentiras inocentes.
(C) às reconciliações felizes.
(D) aos apelidos carinhosos.
(E) aos telefonemas intermináveis.

Texto II
Por que milho não vira pipoca?
Não importa a maneira de fazer a pipoca.
Sempre que se chega ao final do saquinho, lá
estão os duros e ruidosos grãos de milho que não
estouraram. Essas bolinhas irritantes, que já
deixaram muitos dentistas ocupados, estão com
os dias contados. Cientistas norte-americanos
dizem que agora sabem por que alguns grãos de
milho de pipoca resistem ao estouro.
Há algum tempo já se sabe que o milho de
pipoca precisa de umidade no seu núcleo de
amido, cerca de 15%, para explodir. Mas
pesquisadores da Universidade Purdue
descobriram que a chave para um bem sucedido
estouro do milho está na casca.
É indispensável uma excelente estrutura de
casca para que o milho estoure. Cascas
danificadas impedem que a umidade faça a
pressão necessária para que o milho vire pipoca.
“Se muita umidade escapar, o milho perde a
habilidade de estourar e apenas fica ali”, explica
Bruce Hamaker, um professor de química
alimentar da Purdue.

Estado de Minas, 25 de abril de 2005.

02. Para o milho estourar e virar pipoca é preciso
que
A) a casca seja mais úmida que o núcleo.
B) a casca evite perda de umidade do núcleo.
C) o núcleo de amido estoure bem devagar.
D) o núcleo seja mais transparente que a casca.
E) a casca seja mais amarela que o núcleo.

TEXTO III
Feijões ou problemas?
Reza a lenda que um monge, próximo de se aposentar, precisava encontrar um sucessor. Entre seus discípulos, dois já haviam dado mostras de que eram os mais aptos, mas apenas um o poderia. Para sanar as dúvidas, o mestre lançou um desafio, para por a sabedoria dos dois à prova: ambos receberiam alguns grãos de feijão, que deveriam colocar dentro dos sapatos, para então empreender a subida de uma grande montanha.
Dia e hora marcado, começa a prova. Nos primeiros quilômetros, um dos discípulos começou a mancar. No meio da subida, parou e tirou os sapatos. As bolhas em seus pés já sangravam, causando imensa dor. Ficou para trás, observando seu oponente sumir de vista.
Prova encerrada, todos de volta ao pé da montanha, para ouvir do monge o óbvio anúncio. Após o festejo, o derrotado aproxima-se do vencedor e pergunta como é que ele havia conseguido subir e descer com os feijões nos sapatos:
– Antes de colocá-los no sapato, eu os cozinhei.
Carregando feijões, ou problemas, há sempre um jeito mais fácil de levar a vida.
Problemas são inevitáveis. Já a duração do sofrimento, é você quem determina.
Disponível em: <http://www.metaforas.com.br/>. Acesso em: 13 mar. 2011.

03. Nesse texto, o discípulo que venceu a prova
A) colocou o feijão em um sapato.
B) cozinhou o feijão.
C) desceu a montanha correndo.
D) sumiu da vista do oponente.
E) tirou seu sapato.

TEXTO IV
Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Disponível em: <http://www.jornaldepoesia.jor.br/drumm.html>

04. De acordo com esse texto, a personagem Lili
A) casou-se com Joaquim.
B) casou-se com J. Pinto.
C) foi para o convento.
D) morreu de desastre.
E) suicidou-se de tristeza.

TEXTO V
Qual foi a primeira escola?

Foram as escolas fundadas na Europa no século 12. Isso se considerarmos o modelo de escola que temos hoje, com professor e crianças como alunos. Na Grécia antiga, as crianças eram educadas, mas de modo informal, sem divisão em séries nem salas de aula. Já na Europa medieval, o conhecimento ficava restrito aos membros da Igreja e a poucos nobres adultos.
A palavra “escola” vem do grego scholé, que significava, acredite se quiser, “lugar do ócio”.
Isso porque as pessoas iam à escola em seu tempo livre para refletir. Vários centros de ensino pipocaram pela Grécia, por iniciativa de diferentes filósofos. As escolas geralmente eram levadas adiante pelos discípulos do filósofo-fundador e cada uma valorizava uma área de conhecimento.
A escola de Isócrates, um exímio orador, por exemplo, era muito forte no exame da eloquência, que é a arte de se expressar bem. Mas as escolas multimatemáticas, que contemplam as disciplinas básicas que temos hoje, como matemática, ciências e geografia, só surgiram entre os séculos 19 e 20.
FUJOTA, Luiz. Mundo estranho. Julho 2008. p. 47. *Adaptado: Reforma Ortográfica.

05. De acordo com esse texto, a escola de Isócrates era excelente no ensino de
A) Ciências.
B) Geografia.
C) História.
D) Matemática.
E) Oratória.

TEXTO VI
RONDÓ DO CAPITÃO

BÃO BALALÃO,
Senhor capitão,
Tirai este peso
Do meu coração.
Não é de tristeza,
Não é de aflição:
É só de esperança,
Senhor capitão!
A leve esperança,
A aérea esperança ...
Aérea, pois não!
– Peso mais pesado
Não existe não.
Ah, livrai-me dele,
Senhor capitão!
BANDEIRA, Manuel.

06. Leia novamente o terceiro verso. O peso que deverá ser tirado é
A) a alegria.
B) a aflição.
C) a tristeza.
D) a esperança.
E) a saudade.

TEXTO VII
É o boi
Senti que o texto “Como um boi vira bife” (Supernovas, junho, pág.44), camuflado por “figurinhas” e por uma descrição quase infantil das etapas do abate do gado, subestimou a minha inteligência. Será que é realmente razoável obrigar que uma fêmea fique prenhe em todo cio? Será mesmo compensador ser colocado em confinamento por 3 meses “mas ter ração da melhor qualidade”? Creio que nenhum animal trocaria um pasto verde e farto por uma baia cheia de seja-lá-o-que-for!
CAROLINA DI BIASI, SÃO PAULO, SP

07. No Texto, a expressão seja-lá-o-que-for sugere que o conteúdo da baia é
A) apropriado.
B) caríssimo.
C) indiferente.
D) insubstituível.
E) valorizadíssimo.

TEXTO VIII
A reunião se estendeu pela tarde inteira. Amontoados no quarto de Cris, os meninos não chegavam a um acordo sobre quem faria o quê na peça. Foi preciso muita conversa (e até alguns beliscões) para que a maioria se conformasse com a distribuição dos papéis. Júnior era o mais forte do grupo e por isso ganhou o direito de segurar o esqueleto. A Ique caberia a tarefa de mover os ossos do braço, fazendo os gestos necessários para acompanhar a fala de Valfrido. E a voz, rouca e tenebrosa, Biel treinou durante toda a manhã.
Apesar dos protestos, as meninas se sujeitaram a permanecer na retaguarda, de olho na casa do Bola e nas esquinas da rua, prontas a avisar os garotos caso surgisse um imprevisto.
– E eu? E eu? – Cisco perguntou, após assoar ferozmente o nariz. – Dão tem babel bra bim?
KLEIN, Sérgio. Tremendo de Coragem. São Paulo: Fundamento Educacional, 2001. p. 57.

08. A frase “Dão tem babel bra bim?” permite afirmar que
A) Cisco está resfriado.
B) Biel está rouco.
C) Bola apareceu.
D) Valfrido falou.
E) Júnior é forte.